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domingo, 28 de setembro de 2014

a janela e eu

estou vivendo um momento ímpar e gostaria de compartilhá-lo.
comigo mesma, a preocupação não é quantas pessoas alcançar, tem sempre a ver com o desabafo.

a janela me mostra uma brisa na cara e tudo que tenho a oportunidade de viver. o êxtase da vida. a trilha sonora que a Poits gravou no meu pendrive ajuda a pensar na plenitude da vida! Eddie Vedder Into the wild traz o mundo além da janela e além de mim mesma, também um mergulho interior que muito tem a dizer. apesar da síndrome do papagaio da qual sofro, que me faz repetir aquilo que me é passado por pessoas experientes, intelectuais conceituados, pessoas que trazem algo significativo pra gente. a bagagem de um amigo especial.
desprender-se da ideia cristalizada de que precisamos urgentemente formar nossa ideologia dia a dia, mas pra que isso aconteça é preciso desprender-se da rotina, da urgência em produzir algo que NÃO é nosso. é essencial apropriar-se do que faz sentido pra gente, se não não conseguiremos nada, somente resquícios do que é dos outros e não nosso! sentir o vento em nosso rosto, com tudo que isso nos traz pra sentir a vida pulsando, viva, plena, interessante. nossa trajetória faz sentido pra nós quando damos valor às nossas experiências. muito fácil desconsiderar o que é meu, muito fácil abandonar algo nosso porque alguém argumenta racionalmente que é errado. a ciência diz que é errado, que não há fundamento sólido teórico.
se também ficamos preso no academicismo não criaremos nada, nada que tem sentido pra nós.

sinto que fico repetitiva nessas palavras, porque ainda está no processo de sentido pra mim, quero me apropriar, quero compreender, quero encontrar soluções e tudo se esvai em questão de segundos. mas continuo na busca, busca infinita até a morte, mas a busca.
hoje, tomo contato com algo do passado que gostava mas não sei valor porque achava que era insignificante quando na verdade fazia muita diferença.
me peguei resgatando músicas das quais gostava e gosto, gosto muito mais hoje que ontem, ou gosto de maneira diferente, deixo que a música penetre novamente em todos os meus sentidos, afinal, poxa, eu gostava tanto. não deixei de gostar.

a coisa aqui é apegar-se à nossa própria história, ao que os amigos nos trouxeram e que re-significamos, construímos com eles. repensamos. e aos novos amigos que trombamos no caminho, algo fez com que também permanecessem em nossos trajetos: estamos vivos. convivendo com o novo e o velho, ambos intensamente indispensáveis. ambos presentes em nós, na alma.

no fim não consegui externar o que é o momento ímpar, mas tá contido nessas linhas, no que eu quis dizer e não consegui, no que eu não tentei dizer e saiu, e assim, na dialética do que tentamos e não tentamos dizer, porque ao mesmo tempo em que escrevo sinto e o escrever também faz pensar, e um vai e volta que não cessa, mas que traz conclusões incompletas, o que ainda haveremos de viver e descobrir ao longo do caminho.

Um comentário:

  1. Pôit´s, que maravilhoso tudo o que vc escreveu... =)
    Já disse uma vez que a essência do encontro próprio se dá por meio do desencontro com o mundo cotidiano, quando o estar a margem não nos é mais estranho...
    Existe uma dimensão de tempo, mensurada pela intensidade, que é engolida pelo cotidiano, mas que é preciso conhecer e se apropriar. Que nossas experiências e vivências nos permitam o conhecimento e a apropriação de nosso tempo vital por meio da intensidade.

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