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quinta-feira, 5 de maio de 2016

palavra e coisa

Como estimo muito as palavras do dicionário, aí vão 3. Uma tendo puxado a outra:

co.mi.chão 1. Coceira. 2. Fig. Desejo premente.
pre.men.te 1. Que preme. 2. Urgente.
pre.mer ou pre.mir 1. Fazer pressão em; calcar, comprimir. 2. Comprimir-se.

Sem nem dar sinal me surge um comichão. É uma "coisa" (por falta de uma palavra mais "ilustrativa") que de tempos em tempos tem me aparecido nos últimos meses. Dessa vez foi tão forte e inusitado que em companhia dele veio o desejo premente de escrever, o que há tempos não fazia.
Talvez o comichão tenha optado por vir acompanhado do desejo (de escrever) porque este último quando se realiza, é capaz de equilibrar o ambiente. Quando ele se realiza verdadeiramente, sem máscaras, de dentro para fora, ele harmoniza o lugar...

O comichão, por ser um ente completo, carrega em si contrariedades. Embora seja cheio de alegria de viver, até que bastante eufórico, há momentos em que sente um medo que o comprime, de tão intenso, e que coloca o comichão numa tristeza profunda. Mas se ele é tão alto astral (com luz própria, inclusive), como é que se deixa abater por um medo sombroso? É muito simples. Quando o comichão dança a dança da vida, ou mais ainda, quando ele dança acompanhado de alguém que estima muito (e que ambas as luzes se incendeiam), toma conta dele um medo pavoroso e sombrio. O comichão não quer, JAMAIS, que a dança acabe. Deseja-a infinita, de tão gostosa e envolvente.

Não é esse o nosso maior medo? O medo do fim?! Penso que é, ao menos para mim, o mais terrível dos pesadelos.

Posso adiantar que o comichão, quando acabou a dança, fez amor com a pessoa que o acompanhava no passo, que o acompanhava em todas as músicas. Ele se sentiu tão amado e contemplado nesse entrelaçamento que a paz tomou conta do comichão. O medo passou e pelo menos naquela noite aquele medo passou bem longe...

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