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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

apropriar. 1.tomar como seu. 2. tomar como próprio, conveniente; adaptar. 3. apoderar-se.

eu amo definições, dificilmente consigo fugir da mania de ter um dicionário em mãos. eu amo as palavras, mas aprendi que elas podem ser vazias, se forem simples palavras.
quantas e quantas vezes disse algo que meu coração não sentia, que meu corpo não percebia, que meu querer não queria. inúmeras! essa é também a mania do não sentir, e quando se tem essa mania (dolorosamente e sinceramente admito que sofro desse mal!) tudo parece real, tudo serve, tudo faz sentido; mas no fundo não há sentido algum, é como a palavra vazia.

penso nas tantas experiências que tive, nos contatos que travei, no que as pessoas tentaram me ensinar e que eu não me apropriei.

passei a pensar no apropriar-se como um verbo que deveria passar a compor meus dias, em forma de exercício e questionamento: de que tenho me apropriado? muito pouca coisa.
e esse verbo me veio quando pensei em toda a minha trajetória escolar, e a conclusão a que cheguei: me apropriei de muita pouca coisa, no processo. ensinamentos desprovidos de sentido.
mas como escola não está dissociada de vida (embora nosso modelo de escola reforce cada vez mais essa dissociação), tenho vivido constantemente essa falta de sentido na vida.
é triste, é fatídico, mas é.
revelando essa falta talvez ela me faça mais sentido e eu possa superá-la algum dia, algum dia rico de todos os dias preciosos que a vida nos proporciona.
a grande e trágica é verdade é que custo a apropriar-me ou apoderar-me da minha própria vida. tudo isso dá margem pra que eu viva de uma maneira bastante frustrante, porque não me respeito, não me vejo, não ouço meu querer, não ouço minha verdade e voz interiores!
escrever sobre essa questão é também um parto.
mas escrevo.
quero parir.
quero superar.
quero apropriar-me dessa minha vida.


quero eu mesma conduzir o meu barquinho, por singelo que ele seja.

Um comentário:

  1. Teu corpo, gestos, olhar e fala, tudo em vc parece ser estrangeiro. Acredito que a espada é que trazes em teu peito, que sangra por negar não as rosas, mas teus espinhos.

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